O ex-presidente da República Jorge Sampaio considera que o país espera que os partidos se entendam, alertando para que na campanha eleitoral que se avizinha "se fale em profundidade" e "nada fique escondido" dos portugueses.
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"As pessoas têm de conversar. O país pede que as pessoas se entendam", disse Jorge Sampaio, esta segunda-feira à noite, em entrevista à RTP1.
O ex-chefe de Estado disse ainda que não se pode "transpor para a campanha eleitoral a dificuldade que vai ser" a negociação com a 'troika' e vice-versa, apelando a uma "ausência de crispação" entre os partidos na campanha para as legislativas de 5 de Junho.
No que se refere às negociações com os responsáveis internacionais, Jorge Sampaio definiu como essencial a defesa por "possibilidades de crescimento" para a economia portuguesa, vincando que uma "justiça na repartição dos sacrifícios" pedidos aos portugueses é essencial.
O ex-presidente considerou ainda que é "absolutamente inconcebível" que pessoas que ganham pensões de 300 euros sejam abrangidas por "qualquer programa" de sacrifício.
"Não podemos destruir o estado social", disse, em entrevista à jornalista Fátima Campos Ferreira, relembrando que "não há nenhuma política", mesmo em cenários de maioria absoluta parlamentar, "que se sustente sem ter uma base social de apoio".
O combate à evasão fiscal, à exportação ilícita de capital para o estrangeiro, o aumento de emprego e um maior equilíbrio nas pensões são medidas essenciais que Portugal deve reforçar no imediato, disse.
Para Jorge Sampaio, é necessário que a política "ocupe o primeiro lugar" na sociedade portuguesa, à frente da economia, e para tal suceder é "crucial que apareçam novas gerações" na política. "O que quero é que haja uma democracia viva", considerou.
De manhã, no seu discurso na cerimónia comemorativa do 25 de Abril de 1974, no Palácio de Belém, Jorge Sampaio propôs um sentido de "responsabilidade partilhada" visando a construção de pactos de regime e a coesão nacional, e alertou para a "repetição cíclica" dos mesmos problemas.
A actual situação do país obriga a "um sentido mais agudo de responsabilidade partilhada e a assumir uma vontade positiva de mudança", declarou então.